Claudio de Lima

"Passo e fico, como o Universo" O Guardador de Rebanhos - Fernando Pessoa

Textos

A voz do mundo
A voz do mundo
é triste
da dor que existe
e resiste, contida
aprisionada
recolhida
no silencio da fala
de cada sopro de vida
de quem não tem
a dizer nada
a não ser:
- Ouça a solitária voz da minha alma.

A voz do mundo
é apressada
corre atrás do tempo
que aparentemente passa
e não percebe o momento
perdido
escondido
entre uma e outra cena
entre uma e outra palavra
e acena:
- Não posso ouvi-lo agora, ligue para mim noutra hora.

A voz do mundo
é doente
do corpo e da mente
que grita estridente
de doer o ouvido
de deixar comovido
o coração mais ausente.
Não conhece os caminhos da cura
e a procura de um milagre clama:
- Livra-me deste mal, tira-me desta cama.

A voz do mundo
é cega
ignora e nega
aquilo que não enxerga
tem olhos atentos para a mais densa matéria
e não pensa nas leis que regem a nossa existência
busca fora, a riqueza esquecida em sua essência
e não tem ciência do potencial Divino
adormecido em seu ser
e fala:
- Se existe outra vida quero vivê-la para crer!

A voz do mundo
é violenta
feita de gritos e gemidos
de gente que não mais agüenta
a dor de corações oprimidos
pela crueldade humana
pela guerra, diária e urbana
que mata e engana silenciosamente
e que de maneira insana
destrói a esperança ainda semente
e  desconversa:
- isso não é comigo...quero ser seu amigo... (amigo ?)

A tristeza, a violência, a doença,
a cegueira e a pressa...
essa aflição que não cessa
desaparecerá ao longo do tempo
e seu lamento
não mais se ouvirá.
A voz do mundo seguirá
atravessando o grande funil
em seletiva transição
tal como nunca se viu
em dolorosa e necessária transformação...
Claudio Lima
Enviado por Claudio Lima em 08/01/2009
Alterado em 15/01/2009
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