Noite e dia
De noite sonho com galáxias distantes De dia acordo com a molécula da terra De noite busco meu cobertor na escuridão do céu De dia encontro a aridez desértica de minha alma De noite adormeço nos anéis de Saturno De dia vagueio por lembranças pantaneiras De noite conto as estrelas para espantar a solidão De dia conto as horas que me separam da minha caverna De noite evito escorregar sem volta para dentro do buraco negro De dia procuro o olho do furacão para dar sentido para a vida De noite a Lua me observa sem julgamentos De dia o Sol me revela impiedosamente De noite me perco na selva escura de meus pensamentos De dia me acho na caatinga falando ao vento De noite sou um anônimo cometa sem nome De dia sou um carcará com sede e fome De noite sou rochedo inundado por furiosas ondas De dia sou maré recuando para o fundo do oceano De noite me eternizo feito vulcão aparentemente extinto De dia morro aos poucos feito geleira desprotegida De noite preparo o dia, como o relâmpago antecede o trovão De dia anseio pela noite, como o acauã e o mandacaru anunciam a chuva no sertão Noite e dia, espelhos refletores de sentimentos que são satélites girando em torno de um eclipse permanente. Claudio Lima
Enviado por Claudio Lima em 25/07/2009
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