Esperando a chuva
No Ceará, o que vi de Fortaleza a Jeri Enquanto a van engole o asfalto a seca toma o campo de assalto o pasto some o jegue, o gado, o porco, o cão magros de fome e desolação Quando será que a chuva virá? Enquanto a van engole o asfalto implacável, o sol brilha ao alto o rio some as pontes se sucedem sobre a areia um filete de água corre e rareia Quando será que a chuva virá? Enquanto a van engole o asfalto a carnaúba resiste imponente no solo seco e quente pra mostrar que a terra é de gente forte que espera e não teme a sorte Quando será que a chuva virá? Enquanto a van engole o asfalto vejo cidades que nascem e cidades que morrem a luta do homem nas paredes pintadas, igrejas e flores baldias nas ruas desertas, casas abertas e vazias Quando será que a chuva virá? E quando o bug corre para o mar vejo as dunas traiçoeiras que o vento transporta e engolem vilas inteiras Vejo as espumas que escorrem das ondas e somem na praia e na beleza das areias e rochedos de Jeri entre o pesadelo e o sonho entre o medo e o risonho olhar das crianças brincando na Lagoa do Paraíso Por isso não proponho nada além da experiência de sentir ali a luta pela vida enquanto a chuva não vem... Claudio Lima
Enviado por Claudio Lima em 28/12/2010
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