Vozes do parque

Ibirapuera, numa manhã fria de verão...

10h40min

“Vai passar o telefone pra ela!"

“O que você não pode, é ficar freando com o joelho."

“O que?"

“Desde que não seja em público."

“Adoro os amigos."

“Olha lá as cachorradas!"

“É isso que eu quero que você faça."

“Eu tava velha mesmo!"

“Quando ele queria ir embora, ele gritava: vó vem me buscar... vó vem me buscar."

“Ele vai ao encontro do Jaime."

“... infelizmente, porque um dos riscos dessa cirurgia...”

“Nós temos que ter um carro que coubesse toda a família."

“Você viu o tombo que ele levou?"

“Nós somos oito jovens ricos e babacas."

“É preocupação de pai."

“Cê ta na minha bota."

“Ninguém iria falar o nome de ninguém lá."

“Cansadinho?"
- “Não."

“Ele é comissário da TAM?... Não."

“É, acho que se salva por causa disso."

“Eu tinha uma fazenda...”

“Eu dava sossego pra você. Eu ia pescar."

“Oi José, precisa mandar o coco."

“Aquele homem lá não presta, é um safado!"

“Aquele bonitinho lá na esquina do bar... Ju."

“Aqueles antiguinhos...”

“Tirei uma semana nos Estados Unidos, cheguei lá, choveu cinco dias."

“Banzé é um nome legal pra chamar cachorro."

“Eu adoro nossos finais de semana, veio."

“Só casa e hospital, hospital e casa."

“Amanhã, vou ver se acordo mais tarde, estou precisando dormir."

“Contra fatos, não há argumentação!"

“Ela não agüentava mais os caras que ficavam mexendo com ela na rua."

“Quebrou o capacete, eu dei ele pro moleque e me arrependo até hoje, era para ter guardado."

“Vem, vem que está chovendo."

“Tem coisas que são irritantes...”

“O cara chegou, não sei em que lugar e empacou...”

“Tudo que eles vão ver, eles não gostam. Óbvio né?"

“Coisa feia, né amor?"

“Devia ter quebrado o pau mesmo! Não abri mão de nada porque o direito é meu."

“Não comprou a prancha?"

“Tem razão."

“Tá tudo na chuva, acho que não tem problema... será?"

“Dá um soco forte prá aliviar."

“Não queria né?"
- “Não, você é louca?"

“É tudo promessa do Kassab!"

“Pai, tô vendo o mapa."

“De qualquer jeito, vou dar meu telefone."

“Beijão, até amanhã."

“Não tem problema, só eu e você."

“Molecada dá um trabalho, você não faz idéia."

“Tá olhando, prá frente, né?"

“Lembra aquele dia que a gente estava no restaurante italiano?"

“Mãe vem cá."

“É, mas vocês podem ir na quarta com tranqüilidade."

“Eu morri de ódio, morri de ódio de novo, mas não deu nada."

“E vai comendo, acaba um, acaba outro...”

“... e a minha esposa ficou sete meses em casa e foi trabalhar."

“Ah! Acho que ela queria saber."

“Você faz a subida, você tem melhoria, tem que ter subida."

“Cara, a gente vai te colocar nesse avião de qualquer jeito!"

“Lugar pra caminhar é no meio."

“Olha a bicicleta, você vai de mão dada comigo."

“Estou correndo! Esta chuva está uma delicia."

“Como o Batman abre a bat caverna?"

“Mas ele está um pouco acabado, está um pouco enrugado."

“Mas aí é que entra o papel dos pais, se deixarem a rédea solta, explode."

“Cara, você se entregou agora."

“A chuva passou, agora vou caminhar com minha cachorra."

“Óia, você já pegou a manha."

“Esta árvore aqui é boa mesma, segura a chuva. É Pau Brasil."
- “É Pau Brasil mesmo?"

“Ela tá com uma blusa cinza, tá ligado. Chega nela."

“Pegaram os caras! A gente não pode nem jantar sossegado que os caras chegam e roubam. Puta que pariu!"

Às 12h40min concluí a caminhada, logo deixarei o parque, porém entre as árvores e os pássaros outras vozes serão ouvidas...