Cracolandia
Profissão Reporter 17/11/2010 Calado, vi pela TV e tive a noção de seu elevado poder de destruição... O homem dormindo feito bicho sobre o lixo das ruas vazias das vidas vadias e nuas de qualquer esperança sem sequer a lembrança de quem se é do que se é. Embora de pé já não é dono de si mesmo não tem hora, nem sono, vive a esmo vive mesmo? Cruzando as esquinas da insanidade e do medo. Sua fala sem sentido é quase um grunhido revela o domínio do vício o indício de que o destino não mais lhe pertence somente talvez as roupas que lhe cobrem o corpo e que pouco escondem a nudez de sua dor, de sua solidão. Não tem familia, passado ou futuro no rosto resta o desgosto pedaços de memória, dispersos como folhas soltas sem verso, de um caderno que se perdeu na escuridão de uma noite sem fim. Via mãe que vê o filho voltando pra casa que o olha sem graça que não sabe se ri ou se chora e o abraça só implora que não volte prá lá prá cracolandia. Vi naquele mar de loucura uma ilha de lucidez um pai procura sua filha falando de amor e saudade talvez já tarde hoje, um não, dois, três quem sabe outro dia tente outra vez novamente salvá-la. Naquele mundo feito de restos e sombras o reporter não cala com indisfarçavel tristeza capta cada gesto, imagem ou palavra e seu olhar estrangeiro guarda a certeza de que tudo ali parece esquecido e derradeiro. Claudio Lima
Enviado por Claudio Lima em 19/04/2011
Alterado em 02/11/2015 Copyright © 2011. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |