Vozes da guerra II
Perdi a noção das horas perdi a sensação de fome me perdi da própria vida Entre as ruínas da cidade procuro por sobreviventes Hoje, no máximo o latido de um cão mas o sorriso que brotou em meus dentes rapidamente virou fumaça A ameaça está no ar Não basta apenas olhar ao redor A única certeza é de que o pior ainda está por vir As nuvens se arrastam pelo teto bem perto daqui as crianças estão a salvo Deixaram de ser alvo fácil para a artilharia inimiga A coragem me obriga a lutar Ela é amiga do desespero De quem não tem mais nada a perder... a não ser: meu caderno de anotações que ficou pelo caminho depois do último ataque Até que sobreviva não haverá lembranças escritas Não haverá palavras além destas que possam ser ditas As imagens que me restam são de solidão e não encheriam um livro Me livro da dor falando dela Nada é mais obvio Me livro do amor e do ódio para não mais sofrer Deixei pra trás o medo Tarde ou cedo partirei Ficar ou correr nada porque matar ou morrer Já não faz diferença Já não importa quem vença Quem erra acerta Quem acerta erra Nos corredores dessa guerra Onde a paz não pode florescer A primeira coisa a perder É a dignidade humana E a última ainda está por acontecer ... Claudio Lima
Enviado por Claudio Lima em 21/11/2014
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