2046 O caos I
Há muito que não durmo Já não há diferença entre noite e dia Vivo em meu turno acordado numa faixa estreita entre a sanidade e a loucura Minha procura é por pegadas humanas Não sou caçador estou mais para caça As cidades foram queimadas e cobertas por esta poeira suja e escura Parece que todos foram embora A cada hora um estrondo um grito ou um latido pondo meus pés a correr Alguns animais saem pela noite Vivem por perto a procura por alimento Neste alojamento sem teto ninguém está seguro Não há muros, nem sentinelas nem portas, nem janelas Estou numa zona de transição preciso apurar o olhar e a audição Para além da planície Para além das montanhas Para além dos ruídos A vida por um triz Meu sentido interno me diz para não esperar E sim sair e procurar o mar... Murmuro palavras aparentemente sem nexo Que estão vindo de dentro da minha cabeça Esqueça as ideias de me procurar Se você apenas me lê é porque isto ainda está por acontecer e eu não posso convence-lo Posso apenas ser um personagem do seu pesadelo ou de sua premonição ou da minha ou não? Claudio Lima
Enviado por Claudio Lima em 08/04/2017
Alterado em 09/04/2017 Copyright © 2017. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |