LÁGRIMAS DO ADEUS
Ninguém a viu chegar novamente ali parada prostada ao pé do cais Do horizonte do lugar nada mais havia em seu olhar além das aves além do mar Pela janela Fiquei um longo tempo a observá-la, bela com seus cabelos longos ao sabor do vento deveria ter pouco mais de 30 anos Ali, imóvel Indiferente aos ruídos dos barcos ancorados dos gritos vindos do mercado Perdida, sem rosto entre os retratos de seu passado A quem esperava? Ou estaria de partida? À distância pude sentir sua dor seu choro, seu coração apertado Seu apelo silencioso por mudar seu destino Sua presença ali, diária solitária, até o entardecer Seria lucidez ou desatino? Somente ela poderia dizer Mas, se alguém perguntou seu nome jamais algo se ouviu dela Por horas ali, trancada em si mesma mergulhada em um sentimento profundo que ia para além deste mundo no que parecia ser aquela sua última parada Decidi descer, para vê-la de perto, corri escada abaixo ganhei a rua, a esquina o cais e acho que a perdi Corri meu olhar pelo porto pelo canal Numa busca inútil e vazia Não havia qualquer sinal ela simplesmente desaparecera Fazia frio, voltei para a janela e permaneci ali sem compreender o que aconteceu A tarde rapidamente caia pela vidraça anoiteceu e a vida seguia seu tilintar Não mais a vi Nos dias que se seguiram fiquei a pensar: se ela realmente existira entre nós ou se habitava a sós a plataforma astral do ancoradouro estando apenas visível para meus olhos... Claudio Lima
Enviado por Claudio Lima em 02/07/2021
Alterado em 03/07/2021 Copyright © 2021. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |